
Marketing no mercado de arte
A tela ao lado, de Beatriz Milhazes, foi vendida no ano passado por R$ 1,8 milhão em um leilão em Londres. Beatriz só era conhecida por círculos de especialistas e, após a cifra milionária, caiu […]
A tela ao lado, de Beatriz Milhazes, foi vendida no ano passado por R$ 1,8 milhão em um leilão em Londres. Beatriz só era conhecida por círculos de especialistas e, após a cifra milionária, caiu […]
A tela ao lado, de Beatriz Milhazes, foi vendida no ano passado por R$ 1,8 milhão em um leilão em Londres. Beatriz só era conhecida por círculos de especialistas e, após a cifra milionária, caiu nas graças da imprensa e ganhou o grande público. Esse acontecimento reacendeu o debate em torno do mercado de arte brasileiro e suas implicações mercadológicas são o tema do post de hoje, aqui no Marketing Drops.
Sempre acompanhei o mercado de arte, cresci ouvindo histórias sobre artistas e visitando museus. Minha mãe, Ester Renaux, é arquiteta e artista plástica. Veio dela o pedido: “O que o Marketing Digital pode fazer pelo mercado de arte?”. Iniciou-se uma pesquisa de mercado – realizada ao longo de 3 meses com aproximadamente 500 participantes – que mostrou alguns pontos interessantes que discutiremos ao longo deste post.
A era do design fez a percepção sobre o que é arte se deslocar. O objeto de design tem um público alvo e se relaciona com um propósito final específico, com determinada usabilidade. Arte não. É pura expressão. Móveis, tapetes, paredes e esculturas ganharam ares de design de produto e o consumidor final reagiu muito bem à isso.
Algumas das razões:
Na perspectiva do Marketing Digital, conteúdo é o elo entre marca e público alvo. Realizando alguns testes e adequações à uma estratégia de conteúdo foi possível mapear e mensurar alguns temas de maior interesse, que nos direcionam sobre os anseios do público alvo:
Tudo aquilo que é inusitado, diferente e chocante chama a atenção dos consumidores e remete à reflexão. Esse é o cerne da estratégia de muitos artistas, como Vik Muniz, que pinta quadros com calda de chocolate e geléia. Afinal, isso é arte?
Recomendo a leitura do livro “A Grande Feira”, de Luciano Trigo, uma reação ao vale tudo na arte contemporânea. Segundo o autor, o propósito de crítica com materiais pouco ortodoxos – como fez Picasso ao esculpir o guidão de uma bicicleta – acabou. O que existe agora é uma morte agonizante da arte em detrimento de um esforço de Marketing que tem como único objetivo a repercussão midiática. Luciano cita como exemplos algumas instalações – obras de arte efêmeras – um tanto bizarras e muros grafitados que são vendidos por cifras milionárias e removidos das ruas, para serem instalados em salas de estar (?), perdendo todo seu conceito junto ao entorno.
Obs: A capa do livro é a obra The Physical Impossibility of Death in the Mind of Someone Living, do artista Damien Hirst. O tanque de formol com o tubarão foi vendido por 12 milhões de dólares. Dois anos depois, o comprador percebeu que o tubarão estava se decompondo. Artista e colecionador negociaram uma substituição por outro tubarão e não se falou mais no assunto!
O retorno sobre investimento (ROI) no mercado de arte pode ser astronômico e muitas pessoas tem se interessado por esse modelo de “aplicação financeira”. Pela perspectiva de comportamento do consumidor, ao adquirir arte pensando em retorno, não se compra aquilo que é conceitualmente ou esteticamente admirado e sim, aquilo que pode fornecer a maior margem de lucro. O Brasil conta com um fundo de investimento de arte, chamado Brazil Golden Art, e também com uma bolsa de arte, que fica no Rio de Janeiro.
Faça você mesmo
Mais do que comprar arte, querem fazer sua própria arte. Conteúdos que ensinam a remodelar ambientes e reproduzir técnicas de arte são super acessados. Os consumidores querem entender o “como se faz”, colocar a mão na massa e fazer parte de uma história. Um case bacana que retrata tudo isso é a rede social Instagram, um aplicativo para compartilhamento de fotos através do iPhone. O usuário pode aplicar efeitos em suas fotos, vivendo a sensação de ser um fotógrafo profissional.
Galerias, museus e salões tornaram-se ambientes um pouco pedantes para os consumidores, que são recepcionados por pessoas esnobes, que falam de artistas – na maioria das vezes desconhecidos – citando somente o primeiro nome e elencando exposições no exterior. Os clientes finais – casais com e sem filhos, entre 25 e 55 anos – preferem contar com prestadores de serviços especializados que os orientem sobre o que fazer. É aí que entram arquitetos, decoradores e designers. Muitas vezes, esses profissionais também estão receosos e estimulam a escolha de objetos estilosos e funcionais, em detrimento da arte. Os comissionamentos – amplamente praticados pelo mercado – são mais atrativos em lojas do que em galeriais, o que retro alimenta o ciclo. Cases interessantes sobre Espaços de Arte do Facebook, muito mais interativos e colaborativos do que as tradicionais galerias são o Ester Renaux Arquitetura & Arte e o FaceArte. Vale o clique!
Conforme a pesquisa for caminhando, postarei aqui no blog minhas impressões sobre o fascinante universo da arte contemporânea! Até a próxima :)
Foto de capa por Søren Astrup Jørgensen
4 comentários abaixo sobre Marketing no mercado de arte
Tubarão no formol? Gente, que medo, hehehe.
Toda pesquisa sempre nos surpreende com os resultados, não? Gostei do ponto sobre medo: mostra que o consumidor tem receio de expôr sua opinião e “estar errado” num mercado que desconhece e que, no entanto, reflete em status. Ser humano é engraçado, né?
Muito bacana, ótimo post Camila :)
Beijão!
Oi, Raquel!
É exatamente isso – medo! Incrível como trabalhar atributos como medo, ao invés dos ganhos, pode ser proveitoso em mercado como o de arte, com tantas características intangíveis.
Adoro os seus comentários!! :)
Ótimo Post Camila; Sou design gráfico e digital e recentemente comecei a pintar Paineis em Canvas, estou até divulgando meus trabalhos no Insta e Face há alguns meses, ocorre que ainda não sou conhecido e mesmo buscando galerias e espaços culturais a fim de expor minha arte é óbvio que só recebo não, não e não, sei que faz parte no início, então alguma dica de como melhorar este aspecto (divulgação) a fim de monetizar meus trabalhos?
abs
Oi, Marco!
Feliz que gostou do post!
Use as redes sociais para divulgar seu trabalho e também faça parcerias com arquitetos e decoradores. Tudo isso ajuda muito!
Desejo sucesso!
Abraços