O etarismo no Marketing é uma pauta necessária e estratégica. A discriminação, o preconceito e os estereótipos relativos à idade são questões importantes que precisam ser abordadas. No Brasil, mais de 40 milhões de pessoas têm mais de 60 anos e 75% delas contribuem para a renda familiar. É preciso dar representatividade a essas pessoas, especialmente no Marketing.
O público feminino também sofre com o etarismo. Mais de 30 milhões de mulheres com mais de 50 anos no Brasil se sentem sub-representadas pela comunicação de marcas de skincare, cosméticos e cuidados com a beleza, mesmo representando 75% do mercado consumidor dessa mesma linha.
Imagens excessivamente tratadas e a desconexão com o público
Um dos grandes problemas do etarismo no marketing é a utilização de imagens excessivamente tratadas, o que gera uma desconexão com o público e não promove identificação. Esse problema é ainda mais acentuado no público feminino, que é alvo constante de pressões estéticas e idealizações de juventude. A busca por uma aparência jovem e perfeita acaba gerando imagens que não são realistas e consequentemente afastam as consumidoras que não se identificam com esses estereótipos.
Por isso, é importante que as marcas invistam em imagens mais autênticas e menos tratadas, valorizando a diversidade e a representatividade. É necessário que o público-alvo se sinta identificado com as imagens e que as mesmas gerem conexão e empatia. Além disso, é preciso lembrar que os consumidores mais velhos também são usuários de tecnologia e redes sociais, e não devem ser deixados de lado nas estratégias de marketing.
Equipes jovens e falta de representatividade
A questão do etarismo extrapola os movimentos mercadológicos e é um movimento social. Marcas de luxo, como a Valentino na semana de moda de Paris, escolheram modelos mais maduras para desfilar a sua coleção. Algo semelhante aconteceu no Oscar 2023, com premiações a profissionais mais velhos.
Contudo, o mercado no geral ainda prega uma grande desconexão entre o público mais velho e as marcas. Equipes extremamente jovens, cada vez mais relacionadas à expertise com tecnologia, acabam esquecendo de compor com mais representatividade as equipes de Marketing. Tão importante quanto os jovens adeptos às novas tecnologias, são os profissionais com mais experiência e repertório de Marketing, para ajudar na estruturação de estratégias e identificação com públicos-alvo diferentes.
Até mesmo em equipes profissionais não relacionadas ao Marketing, a identificação e diversidade na idade pode ajudar. Veja como exemplo os bancos da Nova Zelândia, lá eles possuem ajudantes também, mas que em sua maioria são pessoas acima dos 60 anos, que auxiliam as pessoas a operarem os caixas eletrônicos. Eles são simpáticos, fazem o apoio e trazem identificação e empatia para o público que precisa de suporte tecnológico.
Infelizmente no Brasil, muitos idosos têm seu primeiro contato com tecnologia sendo atendidos por profissionais que estão na sua primeira experiência profissional, como estagiários e jovens sem muita vivência. Isso pode gerar desconexão e falta de identificação, prejudicando a relação com as marcas e gerando um movimento de dentro para fora do etarismo.
Felizmente parte do mercado vem notando esse problema e de acordo com uma pesquisa da Gupy, a contratação de profissionais na casa dos 50 anos aumentou 95% em 2021. Ela destaca a importância de ter equipes mais diversas e com pessoas mais maduras e com maior experiência para compor os times.
O etarismo é um problema real e presente em nossa sociedade e deve ser abordado com seriedade, especialmente no mundo do Marketing. É essencial que as marcas sejam autênticas em suas estratégias, abandonando o marketing aspiracional que apresenta uma juventude idealizada e imagens excessivamente tratadas. Somente assim as marcas poderão conquistar a fidelidade e a conexão de milhões de consumidores ávidos por soluções que os representem, identifiquem e conectem.
É necessário trazer mais representatividade, lembrando sempre de olhar para o nosso protagonista, o nosso público alvo. Afinal, a autenticidade é a estratégia mais central para o sucesso. Se joga!