Manual de Bolso Startup: o que é, o que faz, dicas, conceitos e cases

O que é uma startup? Startup  (ou start-up) é o termo utilizado para denominar empresas que possuem um modelo de negócio inovador, escalável, repetível e que estão geralmente em fase inicial de atividade, trabalhando em […]

O que é uma startup?

Startup  (ou start-up) é o termo utilizado para denominar empresas que possuem um modelo de negócio inovador, escalável, repetível e que estão geralmente em fase inicial de atividade, trabalhando em um cenário de extrema incerteza.

Para ficar mais fácil:

– “to start up” é um verbo em inglês que significa o ato de começar algo.

– um modelo de negócio é a forma pela qual uma empresa gera valor para seus públicos de interesse.

– um modelo escalável e repetível é aquele que, com uma mesma estrutura básica comum a todos, vai atingir um grande número de clientes sem haver um aumento significativo dos custos, gerando lucros em pouco tempo. Um restaurante é um exemplo de um modelo pouco escalável, porque para atender mais clientes, precisa ter investimentos e aumentar sua equipe praticamente na mesma proporção do seu crescimento.

Com certeza você está pensando em Internet! É que a revolução dos modelos de negócio altamente escaláveis – e das tais ideias sensacionais – realmente aconteceu quando puderam ser sustentadas pelo alicerce da web. Muitas empresas .com, empresas de software na Internet e empresas com grande foco em tecnologia web possuem essa característica.

Um exemplo bem simples e muito utilizado é da empresa Google. Seu modelo de negócio era inovador porque unia um mercado bilateral em um novíssimo formato, escalável e repetívelEntão por que o Google não é mais uma startup? Porque apesar de tudo isso, ele não é mais uma empresa em início de suas atividades, nem trabalha em um cenário de extrema incerteza.

É muito comum chamarem de startups alguns projetos de e-commerces muito bem sucedidos. Um e-commerce é uma loja, se ela não tem um modelo de negócio inovador, escalável e repetível e apenas usa a Internet como canal de vendas, é um pouco equivocado fazer isso. Mas é muito normal, né?! Todo mundo já leu em algum lugar!

Fundadores e nervos de aço

 

No livro “Startup Playbook“, o autor David Kidder – que é dono de uma startup e também investidor angel* – aborda os segredos do crescimento de 42 empresas, como Linkedin, TED, AOL e Paypal. A conclusão a qual ele chegou vai além do óbvio “conheça seu mercado” e entrega um detalhe importante sobre essas empresas.

O sucesso das startups estudadas está muito ligada aos seus fundadores e ao quanto eles conhecem do mercado. Esses líderes devem acreditar em suas ideias e ser capazes de fazer crescer na cultura da empresa o desejo de superação.

Nota da autora: quando li o livro “Estou com sorte – As confissões do funcionário número 59 do Google” fiquei impressionada com o insight do autor Doug Edwards ao comentar sua percepção sobre os atributos de seus colegas Googlers. Sentia que todos eram inseguros, afinal, um Googler não poderia se considerar genial. Ele tinha que ter dentro dele o descontentamento dos que sentem como se ainda precisassem melhorar – e muito.

startups de tecnologia

Realmente, os fundadores são reverenciados em startups e sofrem muita pressão. Suas empresas vivem inerentes ao risco, que é sua razão de ser. Sem risco, não seriam startups! Cabe ao fundador acreditar em suas ideias e se comportar como um grande líder. Interessante que muitos desses fundadores são retratados como meros geeks, tal qual o jovem Mark Zuckerberg e o ídolo old school Bill Gates. Puro estereótipo!   .

Capital e Investimento

 

Nem todas as startups buscam investimento externo, mas uma grande parte vai em busca de maneiras de se capitalizar. Dá para imaginar o quanto isso é difícil, não dá? O risco é alto, a proposta do negócio, por concepção inovadora, pode soar como uma maluquice e não é incomum que algumas iniciativas sejam frustradas. Mas toda moeda tem dois lados e com o risco não é diferente. Junto dele, vem as perspectivas de ganhos.  É por causa disso que muitos investidores se veem atraídos pelas startups e suas perspectivas de receitas futuras, em curto espaço de tempo. As modalidades de capitalização podem ser:

Públicas:

É uma característica mais brasileira, em países como os Estados Unidos essa modalidade não é tão utilizada. Ela é constituída principalmente pelos programas de incentivo. Um dos mais conhecidos é o  Prime – Primeira Empresa Inovadora, que está ligado ao FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos). No final do ano passado, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação anunciou o Programa Startup Brasil, que prevê o investimento de aproximadamente 8 milhões de reais em empresas nos próximos 12 meses com objetivo de adotar um modelo de estímulo à inovação no país.

Privadas:

Nos EUA, costuma-se brincar que os primeiros “investidores” de uma startup são os 3 Fs: Family, Friends and Fools (família, amigos e trouxas), mas até mesmo aqui no Brasil o cenário já é bem profissionalizado e existem investidores autônomos, grupos organizados e fundos especializados nesse tipo de investimento. O investimento privado costuma ser dividido em outras duas modalidades:

  • Angels:  Angels, ou investidores anjo, são investidores autônomos ou grupos de investidores que têm capital disponível para investir em novos negócios. Em troca desse dinheiro, esperam  um percentual da empresa. Quando se ganha um angel, se ganha um sócio. Ex.: Gávea AngelsFloripa Angels, Jacard InvestimentosSão Paulo Anjos e Bossanova Angels.
  • Fundos de Investimento: Existem diversas modalidades de fundos de investimento para startups e cada um deles pode apresentar um determinado foco de negócio (TI, software, web 2.0, e-commerce, mobile, etc.) e modelo de contrato (sociedade, participação nos resultados, etc.). Alguns exemplos de modalidades são as venture capital, capital semente e as early stage. Para quem quiser conhecer alguns fundos, aqui estão alguns: Confrapar, Venture One, Vox Capital, MADB, Intel Capital e a catarinense BZPlan.

Aceleradoras e Incubadoras

 

Uma incubadora costuma ser o ponto de partida de muitas startups, fornecendo espaço físico, serviços de apoio, treinamento e networking entre empreendedores. Normalmente, são apoiados por verbas públicas e costumam estar ligadas aos governos estaduais, municipais e universidades.

As aceleradoras  são organizações que reúnem expertiseexperiência e não costumam estar tão ligadas à iniciativa pública e sim, à privada. Uma aceleradora oferece mentoringnetworking e faz pequenos investimentos, pelo menos o suficiente para lançar o produto no mercado. Exemplos: Aceladora Supernova, as aceleradoras americanas que estão mirando no Brasil – 500 StartupsFortify.vc e 21212 e também a relação da Associação Brasileira de Startups e do Guia de Aceleradoras da Exame. Para quem busca mentoring, um case sensacional – Floripa Tech, uma aceleradora que incentiva as mentorias para criar uma ponte entre o Vale do Silício e Florianópolis.

Um help para as startups

 

Sempre que converso com donos de empresas startups na Internet, escuto coisas como:

“As incubadoras e aceleradoras me apresentam programas incríveis, como o Business Model Generation. Hoje, eu não preciso somente de um canvas que diga que minha proposição de valor é a simplicidade e que essa é a linha guia de toda a minha estratégia. O que eu realmente preciso é de um suporte para produzir materiais publicitários, meu site, minha logo…”

Com base nesse desabafo, o Marketing Drops apresenta algumas dicas para ajudar no dia a dia corrido das equipes de startups – que sempre são super enxutas. Vou dividi-las em tópicos para facilitar a leitura:

Eventos: neste link temos uma agenda dos eventos já confirmados para 2013, tem desde congressos até a Campus Party. No site Circuito Startup, uma relação fantástica de possibilidades como meetups, tour de negócios, rodadas e eventos online pode ser encontrada. Se salvar em seus feeds, conforme o ano for avançando, você poderá manter uma agenda atualizada.

Livros: além dos exemplos já citados acima, temos essa lista de livros para inspirar os empreendedores.

Repositório de Modelos de Negócio: muitas vezes precisamos de um insight sobre algum aspecto do nosso modelo de negócio e nada melhor do que um bom benchmarking para nos auxiliar. Neste link temos uma relação de startups e o detalhamento dos canvas de cada um deles. Bem bacana!

Temas para estudo: o universo de conhecimento de um empreendedor é muito amplo e envolve, na maioria das vezes, a questão técnica do produto, mas alguns temas são muito bem vindos como companheiros nessa jornada. A maioria em inglês, mas vale a pena ir clicando e fuçando, é o que há de ponta dentro do tema. Exemplos: Hype CyclesLean StartupBusiness Model CanvasCustomer DevelopmentUX designSCRUMInbound Marketing e MVP.

Lançamento de sites e MVP express: uma dor de cabeça a menos na vida dos empreendedores que receberam incentivos como o Finep ou já estão capitalizados. Quando você recebe o capital, precisa aloca-lo em determinados projetos e um deles pode ser um site, o MVP ou aplicativo web. Infelizmente, gerenciar isso consome tempo e energia. A StartupDEV promete entregar o projeto em apenas 2 dias e tem vários cases de sucesso. Não é de graça não, mas tempo também é dinheiro :)

Use social media e crowdsourcing: utilizar o poder viral da web por si só não configura um diferencial para o negócio – seus concorrentes serão portais super consolidados, pertencentes a grandes grupos de mídia e publicidade. De qualquer maneira, a colaboração pode ser sua melhor amiga nessa etapa. Neste post da Hubspot são abordadas algumas ideias bem interessantes.

Cases Sensacionais

 

É muito divertido navegar por listas de startups! São ideias muito criativas e ultimamente os sites dessas empresas são verdadeiros benchs para os profissionais de Marketing Digital (fica a dica).  Infelizmente, quando se vai mais a fundo, muitos modelos de negócio se mostram frágeis e insustentáveis. Apenas uma ideia original na web pode ser um bom modelo para quem tem como projeto montar um blog, por exemplo. Você atrai acessos porque o conceito é bacana e novo, e ganha com publicidade e conteúdo. No caso da empresa, precisa haver um sistema mais consistente de monetização.

cases de startups

Alguns exemplos bacaninhas:

  • Descomplica: site de ajuda aos vestibulandos, com todo o conteúdo que é cobrado nos grandes vestibulares e em provas como o ENEM, em formato interativo. Permite trials e logins gratuitos em determinado nível de acesso (estratégia freemium) e cadastro de professores. Oferece serviços como monitoria, aulas ao vivo, provas resolvidas, questões de vestibular comentadas, correção de exercícios e redação.
  • Nail on Wallplataforma online para descobrir artistas originais e colecionar arte, de uma maneira inovadora e descontraída, em formato de loja virtual. O consumidor pode reservar a obra pela qual tem interesse por até 24 horas. A startup mantém parceria com galerias (atualmente são 40)  e deve faturar mais 500 mil reais em 2013. A receita da empresa vem do comissionamento e agenciamento de artistas, exatamente como funciona no mundo off-line.
  • Emprego Ligado: o modelo de negócio é sustentado pela penetração de mercado dos celulares nas classes C-, D e E no Brasil. A plataforma envia mensagens do tipo SMS para o celular dos candidatos cadastrados no site, divulgando vagas de emprego. A maior parte das vagas é das áreas de telemarketing, varejo, restaurante, limpeza e serviços gerais. A startup é remunerada toda vez que o candidato é recrutado através da empresa, assim como acontece nas agências de emprego comuns.
  • Boaconsulta.me: para quem não tem mais paciência para telefonar para consultórios quando precisa marcar uma consulta médica ou odontológica, o site facilita o agendamento 24 horas por dia, pela Internet. Na pesquisa são listados médicos e especialistas com endereço e horários disponíveis para atendimento por meio de planos como Amil, Odontoprev, Bradesco Saúde, etc. A remuneração da empresa acontece através dos planos e profissionais cadastrados, que pagam mensalidade.
  • Click ARQ: site de concorrência criativa, com foco em decoração, arquitetura e design de interiores. O usuário cria um projeto de decoração para um cômodo da casa/escritório/etc., diz quanto está disposto a pagar e passa a receber projetos de um dos 380 arquitetos cadastrados. O escolhido leva o valor proposto. A remuneração da empresa acontece por comissionamento sobre os projetos vendidos.
  • Emotion.me: um site que ajuda os noivos na organização do casamento. O site oferece planilha de custos, contato com prestadores de serviços, blog personalizado e lista de presentes. Em breve, vão lançar opção de “wedding planner”. O site é remunerado por comissões sobre as indicações de profissionais e produtos.

Espero que tenham gostado do post sobre startups! Ele foi sugerido por uma leitora muito querida do blog. Obrigada pela contribuição!

Até a próxima!

Créditos Marketing Drops: Esse post tem um padrinho mágico – um empreendedor e fundador de startup que conversou com a autora sobre esse universo fascinante. Obrigada, Gustavo Leyendecker! :)

Foto de capa por Brendan Church

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