Derrubando mitos de Marketing Digital

Ser planejamento e gerente de projetos em uma agência digital permitiu que eu conhecesse diversos perfis de clientes – desde aqueles que tinham na web seu core business, até aqueles que não possuíam nenhum tipo de presença digital. […]

Ser planejamento e gerente de projetos em uma agência digital permitiu que eu conhecesse diversos perfis de clientes – desde aqueles que tinham na web seu core business, até aqueles que não possuíam nenhum tipo de presença digital.

Existem alguns mitos que aparecem em reuniões de briefing e que merecem ser compartilhados. Derrubar mitos é um dever da classe de Marketing Interativo, que tem a capacitação e aprendizado dos clientes como uma atividade diária. Lembrem-se: se os seus clientes não sabem o que é monitoramento de mídias sociais, eles não saberão porque devem monitorar; se não sabem o que é SEO, não saberão porque devem investir em link building e assim por diante. Ensinar é entregar valor e auxiliar na percepção do benefício entregue. 

1. Não preciso investir em Marketing porque já estou investindo em Marketing Digital

Eu também gostaria que esse mito fosse verdade, deixaria tudo tão mais fácil. Mas não é bem por aí. Marketing é sempre holístico, ele é processo gerencial. Envolve um mix (produto, distribuição, pricing, pessoas, comunicação e evidências físicas) e para o sucesso ser alcançado, é preciso haver integração, unidade. Mostre ao seu cliente que antes de pensar em ações como “quero fazer link patrocinado”, ele precisa possuir uma proposta de entrega de valor e diferenciais competitivos consistentes – a estratégia vem primeiro. Quais os diferenciais dessa marca? Por que ela é melhor que os concorrentes?

Para uma empresa estruturar um e-commerce, por exemplo, é necessário ter processos estruturados. Não é apenas inserir um botão “comprar” no site. Palavras chave: ERP, integração, equipe, responsáveis, finanças, target, prazos, logística interna, comunicação, expertise em web, políticas, gestão, métricas e indicadores – tudo no offline, não é?! Online e Offline não existem, é sempre uma coisa só. O bolso é um só também, então esteja preparado para capacitar seu cliente e pensar de forma estratégica. Sem esse esquema tático pensado e pronto para rodar o resultado é – quase sempre – o fracasso.

Ouvi de um cliente uma pergunta em tom preocupado:

– Camila, por que tenho tantos acessos e pouca conversão?

Me ajeitei na cadeira para começar um relato sobre Marketing Digital e antes que eu começasse ele mesmo respondeu:

– Hmm, pensando bem, meu suporte é terrível e meu produto tem tantos problemas… Você já havia me explicado isso…

Levo essa frase na minha lembrança profissional como um momento de quebra de paradigmas, uma vitória. Eu havia ensinado algo para essa marca!

2. Os investimentos em Marketing Digital são praticamente zero, afinal tudo lá é de graça

Criar uma conta é de graça, mas engajar sua audiência exige tempo – e tempo é dinheiro. Expertise, o famoso “saber fazer”, também costuma ter um preço.

Vamos voltar aos tempos de colégio? Pense nesse item como uma prova com consulta. Lembram como eram mais difíceis? Esse “de graça” é o livro para consultar. No final, a prova possui tantas perguntas estratégicas, que saber o conceito torna-se pouco. É necessário confiança mútua para o entendimento entre fornecedor e cliente, para mostrar que você vai investir um determinado orçamento para AdWords, mas esse budget também precisa incluir busca orgânica (SEO), gestão e estratégia de links patrocinados – e lá vem conteúdo, Inbound Marketing, compreensão de concorrência pelo clique e tantas variáveis que podem – e devem – ser explicadas ao cliente.

Uma dica para amenizar essa dissonância é estar bem perto do cliente, sempre! Ligue, marque reuniões, esteja lá em momentos de crise e em momentos de calmaria, compartilhe artigos, tenha os contatos no seu comunicador instantâneo, tenha empatia: viva o dia a dia do seu cliente. No final, você ganhará amigos! Fees e jobs quase sempre tem como consequência uma grande amizade! Faz tudo valer a pena!

3. Meus problemas acabaram! Minha marca está oficialmente na web

Eu brinco que ter presença web é como ter um filho. Costumo chamar as aprovações de ultrassom, aquele tempo que você tem para se acostumar com a ideia de ser pai/mãe, pensar na saúde desse bebê, se preparar para a chegada dele. Quando seu cliente estiver oficialmente na web, esse é o momento em que seus “problemas” começaram! É necessário compreender que a agência não faz milagres sozinha, a participação do cliente é essencial na construção de uma presença digital.

Vou compartilhar uma percepção minha sobre estar na web, já que não comecei com Marketing na Internet, eu também iniciei no offline: gestores de Marketing precisam mostrar resultado, somos obcecados por informação, BI, banco de dados e afins. Na web tudo é mensurável! Mostre isso ao seu cliente, compartilhe os elogios dos clientes em social media, capacite-o para entender de monitoramento e mensuração, mesmo que seja somente uma breve explicação sobre o Google Analytics. Marketing Digital é um vício, é mundo tão incrível que, quando compartilhado e compreendido, jamais é abandonado. Faça a sua parte!

4. Pessoas? Mas não é na Internet?!

No fim, gestão é sempre sobre talentos, pessoas, equipe! It’s all about people.

Estude a estruturação de web e social team. Entenda ao menos o mínimo sobre gestão de projetos, é uma forma de fornecer esse serviço aos seus clientes. Sua marca vende algo para máquinas? Não, né? Há sempre uma pessoa apertando o botão “comprar”, um ser humano com dúvidas, anseios, medos.. Mesmo se a sua estratégia for B2B! Mostre isso ao seu cliente, explique sobre comportamento do consumidor e agregue isso à explicação sobre Arquitetura da Informação e Webdesign. Oriente-o sobre testes de usabilidade. Estude os processos dessa empresa/marca e aplique os conceitos para sugerir as competências da equipe responsável. Acho válido capacitar os colaboradores da empresa sobre web. Agrega tanto ao projeto! Empresas com centenas de funcionários e nenhum “Like” desses stakeholders na Fan Page da marca! São evangelizadores, uma parte valiosa do público alvo. Outra dica: gestores costumam estar atribulados demais para pensar em endomarketing, sugira uma série de palestras sobre boas práticas na web e agregue esse diferencial ao seu atendimento.

 

5. Eu só preciso de site bonito em um primeiro momento, o resto vamos implementando com o tempo

Beleza não põe mesa! Aqui cabe mais uma analogia com a vida real: é preciso ser bonito, mas também ter conteúdo. Os papas da usabilidade vão dizer que layout não importa, mas importa sim. Mas não significa que ele seja o foco de todo o esforço de Marketing. Toda vez que escuto isso, lembro dos sites construídos inteiramente em flash. Isso é um erro estratégico e este post explica o porquê. Como reverter isso: explique tudo sobre semântica, web standards, SEM (Search Engine Marketing) e otimização para motores de busca – a famosa trinca de “encontrabilidade” + experiência do usuário + Marketing de Conteúdo.

Sobre o ponto “ir fazendo com o tempo”, muito cuidado. Fazer Marketing Digital é como subir uma escada, existem patamares de e-maturity (estágios de maturidade na web) e não é aconselhável fazer mal feito para depois ir arrumando. Quando o cliente levanta essa bandeira, ele pode estar com medo do resultado alcançado x investimento realizado (ROI do projeto) não ser o que ele esperava. Mas usar essa estratégia é o barato que sai caro. Evite o efeito “Frankenstein”, de ir remendando o trabalho realizado. Crie um cronograma de ações sustentáveis, com começo, meio e fim em um ciclo de planejamento. Use os dados do monitoramento para sugerir novas ações e conseguir, de modo sistêmico e estruturado, alavancar os níveis de e-maturity da sua marca.

Espero que tenham gostado! Você já conviveu com algum mito de Marketing? Compartilhe aqui no Marketing Drops :)

Foto de capa por Tim Bennett

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